segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Globo e o exemplo

A importância dos meios de comunicação social no desenvolvimento e formação da opinião pública não são novidade para ninguem. A par do entretenimento, do lazer e da informação tais veículos devem cumprir, ainda, papel social a merecer atenção de seus ouvintes, leitores e telespectadores. Assim, o jornal, o rádio, a TV, a Internet e todas as mídias têm vital missão ao atingir os seus destinatários finais. A TV e o rádio, por serem destinatários de concessões públicas, devem mais ainda se concentrar no cumprimento dessas missões de relevância dado que suas emissões provêm de autorização governamental, sou seja, por via indireta, do povo. Assim é que quando tais veículos publicizam determinados programas, notícias, coberturas, novelas, filmes, etc, devem levar em conta quem está no outro lado, que tipo de leitor, ouvinte, internauta, telespectador está atento a isso e o que poderá apreender com tais mensagens. Recentemente, tem se visto a TV Globo levando ao ar anúncios institucionais exaltando o papel que social que a emissora cumpre ao exibir novelas. Temas digam respeito a preconceitos diversos como homossexualismo, idosos, cor da pele, raça, bem como dificuldades enfrentadas por minorias como deficientes físicos, etc, são levados ao ar pela emissora como fito de chamar a atenção de todos para tais questões. Isso é louvável sob todos os aspectos e haverá de ser capaz de induzir modificações em políticas sociais e comportamentos das pessoas. Todavia, nem só disso tem-se ocupado as novelas e outros programas da Globo (entre outras emissoras, claro, falo da Globo porque é ela quem tem se auto-elogiado). Na novela Passione que chegou ao fim na última sexta-feira, viu-se um festival de imoralismos nunca antes visto nesse país. Inobstante as combinações familiares surrealistas que o autor inventou - novela é também ficção - alguns comportamentos nada têm de edificantes ou exemplares e podem levar à errônea ideia de que a sociedade é normalmente assim ou que tais condutas são costumeiras e perfeitamente aceitáveis, o que não é verdade. Assim é que a novela acaba com um condenado por um crime que não cometeu, com a fuga de uma estelionatária para o exterior não sem antes deixar um rastro de crimes inclusive dois homicídios (a morte da atendente da cantina, não esqueçam, foi obra da Clara), o flagrante estímulo à bigamia, prática inclusive criminosa mas tratada pelo autor com indisfarçável zombaria e deboche, além de outras falcatruas menos votadas (falsificações, estelionatos, etc) além, é claro, da sempre presente traição, firme e forte em diversos núcleos da novela, chegando ao climax da mãe competir coma filha pelo jovem amante e com ele ficar ao fim da novela e a filha a tudo aplaudindo. A magnânima ação social da emissora ao ressaltar algumas práticas atentatórias à dignidade humana foram anuladas pela total, digamos, perversão  de alguns dos enredos que levou ao ar no folhetim. Mas, em uma emissora em que o BBB é idolatrado e elevado ao cume das audiências, num programa em que apenas a luxúria é o mote de tudo (afora o prêmio é dinheiro e outros, óbvio), nada pode surpreender.